sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Strange Day...*

Queria entender esse sentimento triste que me dá quando as chuvas param de cair e um sol tímido aparece entre muitas nuvens. Nunca gostei de sol, mas diferente de dias assim, ele costuma me trazer um misto de raiva e tédio, não tristeza.
Esse aspecto de dia encharcado, um dia que parece encardido, um pano sujo e molhado largado num canto... é isso que me deprime.


É esse silêncio, que eu recebo através da janela aberta, abalado vez ou outra por pássaros e automóveis correndo pela rua. É essa vontade de não ouvir nada, ninguém; de querer me deitar e faltar o sono; de querer sair e não ter onde ir... é tudo isso que me deixa triste. É o nada, o vazio, a falta.


Continuo mergulhada na atmosfera deprimente de antigamente, procuro desculpas para responder perguntas que eu mesma faço: por que continuar ouvindo? Por que continuar lendo? Por que continuar isso?... talvez eu goste disso tudo. Será possível alguém gostar de se encontrar assim? Tem nome para isso? Remédio? Tem jeito na vida para uma pessoa que teima em deixar-se estagnar?


Para além dos planos pro futuro (próximo, até) tem o presente. É o agora que dói, que chateia. É esse hoje insosso... esse dia que sem o cinza da chuva e mesmo com o sol, está sem cor.
* a strange day - the cure.

terça-feira, 13 de abril de 2010

... que os anos não trazem mais.

Sempre que o clima esfria a nostalgia me visita. Geralmente é leve, vem e vai sem causar danos. Mas, dessa vez tem algo estranho. Criei uma coletânea de músicas velhas e comecei a ler - não simplesmente porque eu quis - vários textos que lia antigamente. Toda essa neblina nostalgica vem me envolvendo cada dia um pouco mais, o que acaba influênciando até na forma como estou me vestindo. Claro, houve todo um processo que me trouxe até isso. E eu to sentindo - ainda - aquele friozinho na barriga quando ouço as músicas antigas ou leio os textos.
Mas, além de roupa, música e textos... essa nostalgia anda mexendo também com meu sono, como antes e, consequentemente, com meu humor. É como se o tempo estivesse voltando e eu me vejo novamente como antes, melancolica e insone. Como a adolescente que fui.
Ser notívago - e clichê - que eu era, adorava a lua. Adorava gatos. Adorava café. Adorava a vida besta que eu tinha de trocar o dia pela noite. Ostentava uma tristeza falsa (?) e me sentia revoltada com a vida. Na verdade, gostava de me sentir triste, melancólica e era difícil sair disso, mudar a vida... perder lugar na bolha que criei. Tudo que fazia tinha a intenção de contribuir para a tristeza. Achava lindo morrer mas, era covarde demais para isso. Achava que a vida não valia a pena mas, era covarde demais para mudar. Até que um dia eu mudei, assim. Mas, vez ou outra me encontro nesse estágio: quase-velha querendo ser adolescente moribunda novamente. C'est la vie.




terça-feira, 6 de abril de 2010

Não tem título mesmo.

Uma vez meu pai disse que a boca fala o que transborda o coração e falou que a bagunça exterior nada mais é que o reflexo da interior. Eu acreditei. Na época não pensei muito nisso, mas acreditei. Esses dias tive um clic, ao entrar em meu quarto percebi a bagunça.
Ainda que eu limpe tudo, arrume todos os papeis, todas as roupas... coloque tudo em seu devido lugar, no outro dia - precisamente - tudo já está em desordem. Tentei lembrar da infância. Era organizada, o que se pode chamar hoje de perfeccionista. Tudo no lugar, todas as tarefas feitas - a contragosto, às vezes - era tudo organizado. Desde quando eu me tornei assim? Não se sabe. Sei apenas que hoje vivo no meio da bagunça. Não me importo se a cama foi feita, apenas dou uma sacudida por causa da poeira. Só me dou conta dos papeis jogados quando preciso de algum, e o guarda-roupa parece mais prático, automático, quando as roupas caem em mim no momento que abro as portas.

Minha vida anda mesmo bagunçada. Meus pensamentos já não são ordenados. Eu já não faço todas as tarefas. Reclamo de tudo. Faço birra com tudo. E eu sei que isso é insuportável.

Preciso fazer uma faxina no quarto, nos pensamentos... na vida. Tem coisas que a gente teima em deixar lá, guardar pro caso de precisar depois. A gente sabe que não vai precisar depois, guarda apenas porque tem medo de jogar fora. Mas, guardar o que deveria deixar ir só aumenta o peso nas costas. E é extremamente difícil se arrastar andar com um peso nas costas, né verdade? É sim.

Enfim...
 
Shush, Shush Charlotte.. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino